10 anos da ASA

março 31, 2010

Eu vou cantar uma toada que eu fiz com alegria
Foi o aniversário da ASA, em Juazeiro da Bahia

Se reuniram dez estados para comemorar
O aniversário da ASA naquele lugar
Com muitos agricultores a sua história contar

Do dia 22 aos 23 de março foi o acontecimento
Todos ali reunidos com muito amor e bom senso
Para dar bom testemunho em todo depoimento

No dia 22 foi feita a reunião
Fazendo a abertura e a apresentação
Lá na Universidade em um imenso salão

Pela parte da tarde foi grande a multidão
Nas ruas de Juazeiro
Em uma linda procissão

Boa parte da noite
Não vou deixar de falar
Encerrou com um forró e a feira familiar

No dia 24, logo cedinho do dia
Saíram os agricultores, todos com muita alegria
Pra buscar experiência e levar para as famílias

Saindo de Juazeiro para diversos lugares
Uma quantidade de ônibus
Que esqueci de contar

Saíram os agricultores por toda a região
Ora andavam na pista, ora andavam no chão
Buscado as experiências que tem ali no Sertão

Mas todos muito felizes cantavam com alegria
Porque naquela viagem muita coisa aprendia
Para ajudar no sustento que gasta com a família

No dia 25 foi feita uma discussão
Juntando as oficinas, divididas num salão
Discutindo o que é melhor para a nossa alimentação

Pela parte da tarde tiveram outras atividades
Se apresentaram as crianças daquela localidade
Pra falar da mudança em suas comunidades

Os representantes do governo chegaram com a novidade
Da liberação das cisternas pra todas as localidades
Alegrando os agricultores de todas as comunidades

No dia 26 foi a realização
Juntando as oficinas naquele grande salão
Fazendo o encerramento com grande satisfação

Saiu agricultor cada um pro seu lugar
Com a saudade no peito toda hora a falar
Quando será novamente que nós vamos nos encontrar?

Desculpem meus companheiros se a toada não prestou
Que eu não sou toadeiro e também não sou cantor
Só quero falar pra ASA o quanto lhe tenho amor
E vou falar em seu nome em cada lugar que for

Autora: Cícera Gama,
Agricultora de Lagoa Seca, Águas Belas/PE
26 de março de 2010 – Juazeiro/BA


“O balanço do EnconASA é bastante positivo”

março 31, 2010

Gleiceani Nogueira – ASACom

Confira a entrevista que a Assessoria de Comunicação da ASA (ASACom) fez com os integrantes da equipe de organização do VII EnconASA Márcia Maria Pereira Muniz, do Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (Sasop), e Ademilson da Rocha Santos, o Tiziu, do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa). No depoimento, eles afirmam que o Encontro  foi bastante positivo, falam como foi o processo preparatório e a relação do EnconASA com a cidade de Juazeiro.

ASACom  – Como foi o processo de organização do VII EnconASA?

Márcia – Desde o início do processo de organização do EnconASA a gente buscou envolver as organizações de Juazeiro. Isso foi fundamental para o processo de sistematização das experiências. No processo de preparação a gente também se aproximou tanto dos Movimentos Sociais quanto das próprias Pastorais e da Resab [Rede de Educação do Semi-Árido Brasileiro], no sentido de criar um grupo mais coeso para pensar todo o processo do EnconASA, desde a questão da infraestrrutura até as visitas. A gente também se organizou em comissões. Teve uma comissão de infraestrutura, da caminhada e, na reta final, criamos uma comissão da feira e das visitas.

ASACom  –  O que significou para a cidade de Juazeiro sediar o VII EnconASA?

Tiziu – Juazeiro é o centro geográfico do Semiárido. Isso tem uma simbologia até porque aqui também tem uma caminhada histórica de entidades que fazem parte do Semiárido. A atuação e ação dessas entidades acumulam uma experiência junto aos agricultores e as agricultoras não só da região, mas do Semiárido como um todo. Então foi muito significativo para Juazeiro sediar o EnconASA. Foi aqui também que foi inaugurada a primeira cisterna do Programa Um Milhão de Cisternas [P1MC] e tiveram diversos seminários no final da década de 1990 e início da década seguinte ligados ao manejo e a captação da água de chuva. Então, Juazeiro, tem toda uma relação intrínseca com o surgimento e com a caminhada da ASA. 

ASACom – Qual é o balanço que vocês fazem do VII EnconASA?

Márcia – Apesar das dificuldades que a gente vivenciou no processo de preparação, a nossa avaliação é muita positiva. Foi bastante rica as visitas às experiências. Todo mundo gostou. Foi a coisa mais forte do EnconASA. O processo de sistematização culminou na reta final com uma ação onde as pessoas puderam ver na prática ações concretas sendo realizadas por agricultores familiares e que caminham na perspectiva do que a ASA se propõe que é construir um Semiárido diferente, sustentável e com mais vida.

Tiziu – O balanço é super positivo. Superou as nossas expectativas. E tem dois elementos que eu queria destacar: um deles foi o da gente encarar o debate sobre os modelos de desenvolvimento. Acho que isso foi crucial , principalmente, diante da efervescência desse modelo de desenvolvimento baseado nos grandes projetos que vem arrebentando com o meio ambiente e com as comunidades trabalhadas pelas entidades da ASA. Então ter dado força a esse debate foi um ponto crucial no EnconASA. Outra coisa que eu queria destacar é que este foi um EnconASA marcado pela emoção. E por quê? Pela emoção de celebrar 10 anos da ASA, de termos alcançados diversas vitórias, inclusive, a própria visibilidade do conceito de convivência como Semiárido.


“Nós temos que participar do debate eleitoral este ano”, diz presidente do Consea

março 30, 2010

Marcelo Torres – Ascom/Consea

“O tema da segurança alimentar e nutricional precisa fazer parte do debate eleitoral deste ano”, defendeu o presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Renato S. Maluf, em evento na última quinta-feira (25) em Juazeiro (BA).

“Estamos diante do desafio de colocar o nosso tema na agenda dos debates eleitorais, pois devemos atuar para evitar que haja retrocessos, para avançarmos nesse campo, seja quem for a próxima gestão”, afirmou. “Nós estamos caminhando para a consolidação definitiva da segurança alimentar e nutricional como um assunto de Estado e não como política de um governo específico”.

O presidente do Consea participou em Juazeiro (BA) de um evento promovido pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), o VII EnconASA, que reuniu 400 pessoas na Universidade Federal do Vale do São Francisco. Essa fala aconteceu em um debate sobre a relação entre governo e sociedade na elaboração de políticas públicas, em mesa que contou com a participação de Naidison Baptista e Valquíria Lima (ambos da ASA) e Jacques Pena, presidente da Fundação Banco do Brasil.

Diante de uma plateia formada basicamente por pequenos produtores vinculados à agricultura familiar e a movimentos sociais, ele disse estar “assustado com a tentativa de criminalizar as organizações sociais”. Segundo ele, “percebe-se claramente um cerco às organizações sociais, sobre acesso a recursos públicos”.

Ele disse que os temas do Semiárido que são abraçados pela ASA estão entre os mais importantes temas da agenda do Consea. “Quero aproveitar a oportunidade, inclusive, para dizer que em 2011 teremos a IV Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, e quero que isso já esteja na mira de vocês”.

Num evento que também celebrou os dez anos de existência da ASA, o presidente do Consea fez elogios à atuação da entidade. “Eu sempre digo, e agora repito mais uma vez, que a atuação da ASA é um das iniciativas mais interessantes, inovadoras e exitosas dos últimos dez anos no Brasil e talvez no mundo, quando falamos de segurança alimentar e nutricional”, afirmou. ”

O Programa 1 Milhão de Cisternas é uma experiência exitosa pelo seu caráter inovador, por ser forte e fácil de se fazer, pelos seus propósitos, por valorizar muito as experiências, por se basear na mobilização social, fazendo com que as pessoas se vejam nele”, concluiu.


Crônica de uma água abençoada

março 30, 2010

Marcelo Torres*

Eis-me aqui às margens do São Francisco, no lugar onde nasceu a beleza, segundo cantava o Velho Lua. Estou com um pé em Juazeiro e outro em Petrolina, duas coisas que eu acho lindas, num gostoso vai e vem, com o Rei do Baião no meu pé de ouvido.

Ao contrário do que podem pensar meus amigos de copo e de cruz, uns cabras que gostam de comer água e beber com farinha, não vim aqui necessariamente para comer água nem beber água que passarinho não bebe. Estou aqui trabalhando, escrevendo, reportando.

Pro seu governo, talvez você não saiba, mas para se produzir um quilo de carne são utilizados, em média, de treze a quinze mil litros de água. Então, a bem da verdade, essa verdade límpida e cristalina, a água não é bebida, mas sim comida. Nós a comemos.

Bem, cá estou como um dos jornalistas convidados pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro, a ASA, para um evento que ajunta uns quatrocentos brasileiros, homens e mulheres do campo, pequenos produtores que, quietinhos, quietinhos, estão fazendo uma revolução invisível.

Eles estão aqui, às margens do Velho Chico, para falar de terra, água, vida, comida, produção. E para mostrar sua cultura, fazer suas artes, pão e poesia, pois ninguém quer só comida, todo mundo quer comida, diversão e arte, e também quer encontrar saída para qualquer parte.

A ASA é uma rede social que abraça umas oitocentas e tantas entidades e que, juntinhos e quietinhos que nem formiguinhas, vão espalhando cisternas e mais cisternas pelas veredas dos grandes sertões, para aproveitar cada pingo da chuva, pois chuva nessa região, como se sabe, é difícil.

Como na música de Caetano, feita por aqui, tanta gente canta, tanta gente cala, tantas almas esticadas no curtume, sobre toda ponte, sobre toda sala. Juazeiro nem se lembra desta tarde, Petrolina nem chegou a perceber. Mas eu ouvi um pequeno produtor proclamar aqui às margens do Velho Chico, como se fosse o brado às margens de um Ipiranga:

“Quem tem ASA não tem sede”, ele disse, cantando como um passarinho.

Não é mais uma andorinha só. Já são quatrocentas formiguinhas que, quietinhas e invisíveis, mas com ASA, fazem uma pequena grande revolução. Pois é verdade mesmo – “quem tem ASA não tem sede”.

*Jornalista


Presidente da FBB diz que programa de cisternas é melhor tecnologia social

março 30, 2010

Marcelo Torres – Ascom/Consea 

“O Programa 1 Milhão de Cisternas [P1MC] é a melhor experiência que nós temos hoje no Brasil sobre tecnologias sociais”, disse na última quinta-feira (25) o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques Pena, em Juazeiro (BA), num debate sobre a relação entre governo e sociedade na construção de políticas públicas.

Segundo Jacques Pena, a Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), rede social que congrega cerca de 800 entidades e é responsável pela execução do projeto, “hoje é uma marca, tem um nome e está alguns passos à frente de outras redes sociais”. Para ele, “um dos fatores desse êxito é que a ação tem foco, é focada em algo que é simples, fácil e barato, além de ser muito bem executado”. 

O Programa 1 Milhão de Cisternas é uma das principais ações da ASA, que já construiu 288.434 cisternas nos nove estados do Nordeste, além de Minas Gerais (Semiárido). O programa está presente em 1.073 municípios, atingindo 294.854 famílias e beneficiando 1.270.438 pessoas.

Outra ação da entidade é o Programa Uma Terra e Duas Águas, que está presente em 265 municípios e beneficia 7.170 famílias. Em 10 anos de existência, a ASA recebeu cerca de 400 milhões em recursos, para aplicação em diversos projetos e ações. Do total, 88,94% foram de recursos públicos, 9,86% da iniciativa privada e 1,20% vieram de parceiros internacionais.

A Fundação Banco do Brasil é parceira da ASA nos Programas 1 Milhão de Cisternas e Uma Água Duas Vidas, além de outros projetos e ações no Semiárido brasileiro.


“A vida humana está no centro das nossas experiências”, avalia a ASA

março 30, 2010

Marcelo Torres – Ascom/Consea

“Esse encontro serviu para afirmar um novo paradigma da convivência com o semiárido, reforçando e valorizando as experiências práticas vividas na agricultura familiar”, assim avaliou Carlos Eduardo Oliveira de Souza Leite, o Caê, coordenador da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), no estado da Bahia. “Este evento mostrou que a vida humana está no centro das nossas experiências práticas”, disse ele.

De segunda a sexta-feira, a ASA realizou na Universidade Federal do Vale do São Francisco, em Juazeiro (BA), o seu sétimo encontro nacional, que reuniu cerca de 400 pessoas, entre convidados, observadores e representantes de 11 estados da região de atuação da entidade, ou seja, os nove estados do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo.

O evento debateu políticas públicas, avaliou o fortalecimento das experiências de convivência com a região e também foi um momento de intercâmbio de culturas, valores e conhecimentos. “O balanço é muito positivo”, avaliou Caê, que é coordenador geral do Sasop – Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais e conselheiro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).

“São muitos os pontos a destacar: a afirmação do paradigma da convivência com o semiárido; os desafios sobre o direito à terra; as alternativas viáveis que podem ser replicadas; a real dimensão da soberania alimentar que vimos nas experiências visitadas e relatadas”, enumerou.

Caê destacou também a mobilização social e um significado simbólico do evento na região. “Esse encontro expressou, pela primeira vez, um diálogo direto do movimento com a população, com uma caminhada que reuniu de 3 a 4 mil pessoas, abrindo perspectivas do ponto de vista da articulação com a sociedade”, disse ele. “Além disso, a realização do evento numa vitrine do agronegócio é uma coisa que tem um significado todo especial para nós”, afirmou.

Juazeiro(BA), o local do encontro, a vizinha Petrolina e municípios em seu entorno representam um forte pólo do agronegócio no semiárido, através da fruticultura irrigada e de grandes projetos concentradores. Na avaliação de Caê, “esse modelo hegemônico é inviável e tem um alto custo social, pois expulsa agricultores de suas terras e promove exclusão, prostituição, degradação ambiental e outros problemas”.

Ao participar da mesa-redonda “Projeção para o Futuro”, Maria Emília Pacheco, da Federação de Órgãos para a Assistência Educacional e Social (Fase) e conselheira do Consea, também criticou o modelo de desenvolvimento dominante. “O modelo do agronegócio inviabiliza o desenvolvimento das famílias, desaloja populações, coloca em permanente ameaça a biodiversidade e não respeita a riqueza e a variedade de nosso modo de produção”.

Em contraposição, ela defendeu os programas da ASA como alternativas para a região. “Os programas da ASA têm respondido aos direitos de agricultores e ampliado o sentido da relação entre as várias lutas: a da agroecologia, a dos direitos das mulheres, a da economia solidária”.

O presidente do Consea, Renato S. Maluf, que participou de uma oficina sobre segurança alimentar e nutricional e de um debate sobre a relação entre governo e sociedade no âmbito desse tema, avaliou como “exitosa” a experiência da ASA, pois se baseia na experiência local, que se vê valorizada. “A ASA partiu de uma idéia que é boa e simples, e a colocou em prática, valorizando muito as experiências, e fazendo com que as pessoas se vejam no processo; isso fortalece a mobilização social”, disse.

“A ASA planeja, organiza, propõe, executa e avalia”, disse Naidison Baptista coordenador da entidade e também conselheiro nacional do Consea. “Um dos nossos desafios, agora, é ampliar ainda mais essas experiências”, revelou. “Nós estamos a cada nos impondo o desafio de olharmos para além do próprio umbigo”, afirmou.


Carta Política do VII EnconASA

março 26, 2010

No encerramento do VII EnconASA foi lida a Carta Política do Encontro que afirma o paradigma da convivência com o Semiárido e se contrapõe ao modelo hegemônico e conservador. Esse último mostra as suas contradições e seu perfil mais cruel nos municípios do entorno de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), perímetro da fruticultura irrigada, do agronegócio, que leva à expulsão das pessoas de suas terras, à prostituição, à exclusão social e à degradação ambiental, se mostrando um modelo inviável.

Por outro lado, a convivência com Semiárido, defendida na Carta do Encontro, “tem em sua centralidade a vida humana e como pilares os valores da sustentabilidade, da cidadania, entre outros,” afirma Carlos Eduardo Leite, coordenador da ASA Bahia. O documento final da sétima edição do EnconASA cobra dos gestores políticas públicas que promovam o acesso à água e à terra; a biodiversidade da região; a auto-organização e o direito das mulheres; a economia solidária; a educação contextualizada e a segurança alimentar e nutricional.


Depoimentos em áudio

março 26, 2010

Ouça os depoimentos de alguns dos participantes do VII EnconASA:

Marcos dal Fabbro – secretário substituto da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, fala da importância da articulação de organizações sociais da ASA para o meio ambiente.

Juscelino Lopes da Silva – agricultor da comunidade Pedra Comprida, em Campo Alegre/BA, fala sobre a caminhada.

Anísio da Silva – agricultor de Sítio Novo Pedrão, de Campo Alegre/BA, fala do evento e da importância da ASA.

Dona Enedinha Lima Braga dos Santos – agricultora da comunidade Riacho Grande, Areia Grande, município de Casa Nova/BA, explica como a ASA.

Jeová Almeida da Silva – presidente da Associação Comunitária de Jurema, Areia Grande, município de Casa Nova/BA, fala de como aconteceu o massacre na sua comunidade de Areia Grande.

Dona Raimunda Castro dos Santos – agricultor da comunidade Salinas, Areia Grande, em Casa Nova/BA, fala de como foi o ataque à Casa Nova.


Minas Gerais sediará o próximo EnconASA

março 26, 2010

Gleiceani Nogueira – ASACom

No encerramento do VII EnconASA, nesta sexta-feira (26), foi aprovado com unanimidade que o estado de Minas Gerais sediará o próximo Encontro Nacional. “A gente está cheio de expectativas. Estamos bastante animados e animadas e já vamos começar esse processo desde agora, de organização e preparação para o VIII EnconASA”, afirmou  a coordenadora da ASA Minas, Valquíria Lima. “A gente fez muita força, o debate sobre o papel das mulheres na convivência com o Semiárido e a gente espera que isso possa ser recortado também no próximo Encontro Nacional da ASA. E também essa coisa que a gente tem que extrapolar as nossas experiências e as nossas conquistas. É preciso que a ASA dialogue com movimentos, pela expectativa que esse seja um EnconASA que abra esse debate com a sociedade de forma geral”, conclui Valquíria.


Projeção para o futuro é tema da última mesa do VII EnconASA

março 26, 2010

Luciana Rios – Assessora de Comunicação do Sasop

Hoje (26), último dia do VII EnconASA, foi realizada a mesa redonda “Projeção para o Futuro”, que aconteceu no auditório principal da UNIVASF. A discussão, que contou com a participação de Maria Emília Pacheco, diretora da Federação de Órgãos para a Assistência Educacional e Social (FASE), Ivo Poletto, assessor de pastorais e movimentos sociais, e mediação de Aldo Santos, coordenaddor da ASA, abordou os temas debatidos durante todo o Encontro, numa perspectiva de futuro dos modelos de desenvolvimentos existentes: o dominante e o sustentável.

Maria Emília trouxe, durante sua fala, as consequências para o Semiárido do modelo de desenvolvimento dominante implantado na região, tendo no agronegócio seu maior representante. “O modelo do agronegócio inviabiliza o desenvolvimento das família, desaloja populações, coloca em permanente ameaça as nossa biodiversidade, não respeita a riqueza e a variedade de nosso modo produção”, explica.

Como contraposição a esse modelo, a diretora da FASE, diz que já está em curso a construção de alternativas, a exemplo do projeto político de convivência com o Semiárido, que vai de encontro à ideia do combate à seca, que vem ganhando sentido e se consolida com o sucesso das experiências concretas. “Os programas da ASA tem respondido aos direitos de agricultores e ampliado o sentido da relação entre as várias lutas: a da agroecologia, dos direitos das mulheres, da economia solidária”. Ainda segunda Maria Emília, é preciso cruzar estas temáticas e promover a interação e o diálogo entre redes e organizações que atuam nos temas transversais e possuem os mesmos princípios.

Para Ivo Poletto, estamos num momento de “milagre social”. “Estamos contribuindo para mudar a visão de Brasil, a partir da mudança de visão da caatinga”, declara. Ele destaca o poder popular como caminho democrático da disputa política. Para isso, a sociedade atua formulando e acompanhando a execução de políticas públicas e exigindo recursos. “Se quisermos garantir nosso direito de ter recurso público rápido para a construção de nossas cisternas em menos tempo, temos de aumentar nossa capacidade de fazer valer o poder popular. O poder soberano somos nós, se nos organizarmos e tivermos projetos políticos”, reitera o assessor.

O palestrante lembra que o modelo de desenvolvimento do agronegócio tem agredido o Planeta e provocado um desequilíbrio muito grande. “Temos de exigir mudanças rápidas ou teremos dificuldades de viver, principalmente, nas regiões da Caatinga, do Cerrado e da Amazônia. Estudos já alertam que a Terra não vai aguentar a presença humana e pode querer se livrar da nossa espécie para continuar sua pŕopria vida. Não queremos isso”, finaliza Poletto.